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A meditação ajuda a criança a regular as emoções e a canalizar a energia

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Se em condições normais a convivência familiar prolongada pode fazer os conflitos virem à tona, em uma situação como a que estamos vivenciando atualmente, diante do isolamento social em razão da pandemia do coronavírus, tais conflitos tendem a se intensificar.

 

 

E se tudo isso se mostra estressante para os adultos, para as crianças e os adolescentes isso pode ser ainda pior, pois eles costumam ter muita energia e ainda não possuem maturidade suficiente para regular as emoções negativas, as quais podem se acumular e explodir a qualquer momento.

 

 

No entanto, se a atualidade se revela estressante, o cenário é favorável à introdução de novos hábitos familiares, como o de meditar, por exemplo, já que teremos bastante tempo para trabalhar sobre tais hábitos até serem parte da nossa rotina.

 

 

O relaxamento e a meditação desde a infância podem gerar muitos benefícios, além de acalmar os ânimos. Ajudam na gestão das emoções negativas, como a ira, a frustração e o estresse. Meditar ajuda a desenvolver habilidades estratégicas para regular comportamentos agressivos e estabelecer uma melhor conexão consigo mesmo, além de ser uma excelente ferramenta de prevenção à depressão.

 

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Vejamos o que dizem os especialistas

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O relaxamento ativa e fortalece os circuitos do sistema nervoso parassimpático, acalma o sistema nervoso simpático e “reduz os danos celulares do estresse crônico”. E a respiração pelo diafragma, durante um ou dois minutos, reduz a ansiedade. (Hanson, 2012)

 

 

A meditação aumenta a massa cinzenta na ínsula, no hipocampo e no córtex pré-frontal, reduz o desgaste cortical produzido pelo envelhecimento, melhora funções psicológicas associadas a essas regiões, incluindo atenção, compaixão e empatia; melhora o humor; diminui o cortisol; fortalece o sistema imunológico; melhora problemas clínicos como patologias cardiovasculares, asma, diabetes tipo 2, tensão pré-menstrual e dores crônicas; diminui a insônia, a ansiedade, as fobias e os distúrbios alimentares. (Hanson, 2012).

 

 

Segundo estudos realizados por especialistas do “Massachusetts General Hospital”, nos Estados Unidos, e da Universidade de Giessen, na Alemanha, meditar melhora a memória e reduz a densidade da massa cinzenta na amígdala, cujo papel é fundamental nas sensações de medo e ansiedade. (Braidot, 2013)

 

 

Diversos experimentos comprovaram que meditar gera conexões neuronais, o que a neurociência chama de neuroplasticidade. Além disso, neuroimagens revelaram que a prática da meditação aumenta a atividade no lobo frontal direito, onde as emoções positivas são processadas, e a diminui no esquerdo. Em resumo, a neurociência já comprovou que a prática controla os bons pensamentos e neutraliza os ruins. (Braidot, 2013)

 

 

Meditar, além de reduzir o nível de reatividade emocional, estimula os níveis de sincronicidade e atividades das regiões não especializadas do cérebro, o que possibilita a criação de mais espaço na mente para gerar ideias criativas provenientes do inconsciente. (Bachrach, 2012)

 

 

A meditação gera modificações não somente em determinados processos cognitivos e emocionais, senão também no volume de certas áreas do cérebro. Existem também indícios de que a meditação pode atenuar a inflamação e outros tipos de estresse biológico produzidos em escala molecular, diminuindo a atividade de genes ligados à inflamação e modificando o funcionamento das enzimas implicadas na ativação e desativação de genes. (Ricard, 2014)

 

 

Susan Kaiser Greenland, em um livro dedicado à meditação e mindfulness para crianças, afirma que ambas práticas favorecem o desenvolvimento de habilidades práticas que permitem as crianças, adolescentes e os pais se relacionarem com o que acontece com eles e com o seu entorno com mais sabedoria e compaixão. Na obra, ela explora seis habilidades: concentração, quietude, percepção, redefinição, manifestação de interesse e conexão. (Greenland, 2016)

 

 

Parece tudo muito lindo, não é mesmo? Mas você deve estar se perguntando como fazer para os convencer a meditar.

 

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Antes de começar

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É importante não tentar obrigá-los a participar. Se um dos pais já medita regularmente é muito mais fácil introduzir a prática na rotina familiar, pois haverá mais abertura e, talvez, curiosidade.

 

 

Outra questão para se levar em conta é a faixa etária, pois não podemos pretender que crianças muito pequenas meditem da mesma forma e durante o mesmo tempo que as maiores ou os adultos.

 

 

Para os muitos pequenos, a partir de três anos, a melhor forma é introduzir a prática na hora de dormir, através de uma historinha, ambiente com música relaxante, enfim facilitando a transição para o sono.

 

 

A partir dos sete anos já podem ir sendo introduzidos no controle e atenção à respiração e às sensações físicas, por meio de um relaxamento conduzido.

 

 

Os adolescentes já são capazes de manter a concentração durante uma meditação mais curta e a duração pode ir sendo experimentada pelos próprios pais e sendo ampliada paulatinamente.

 

 

Costuma-se recomendar de 3 a 10 minutos para crianças em idade escolar, e de 5 a 45 para adolescentes e adultos.

 

 

Vejamos algumas alternativas

 

Respiração profunda

 

 

Sentados e com os olhos fechados, peça para as crianças colocarem as mãos no abdômen e começarem a respirar devagar.

 

 

Você pode ajudar guiando a respiração repetindo: “inale profundamente”... “exale profundamente”...

 

 

Fale para eles sentirem como o abdômen cresce quando inalam e se esvazia quando exalam.

 

 

Repita respiração aproximadamente cinco vezes e peça para se manterem com os olhos fechados por mais uns instantes, respirando normalmente, antes de concluir a meditação.

 

 

A respiração é um ótimo recurso para se acalmar. Se esse for o objetivo, exalar pela boca vai ser mais efetivo. Quando o ritmo cardíaco estiver normalizado, já pode voltar a exalar pela boca.

 

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Visualização

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Esta meditação pode ser muito divertida para as crianças.

 

 

Peça para eles se deitarem em uma superfície confortável e fecharem os olhos. Uma música relaxante ajuda muito.

 

 

Diga para eles imaginarem um recipiente na frente deles.

 

 

Guie-os lentamente até o recipiente e quando chegarem notem que dentro do recipiente tem uma tinta com brilhos e luz dourada, como se fosse purpurina.

 

 

Fale para eles pegarem um pincel ou uma brocha, pintarem-se com essa tinta e se imaginarem cobertos com essa luz dourada.

 

 

Variações:

 

 

  1. Imaginar um pincel mágico que os vai pintando.
  2. Imaginar que, em vez de um recipiente, há uma chuva de gotinhas douradas que caem em cima deles.

 

Ioga

 

Se você já pratica ioga, pode praticar com eles posições com referências de animais ou criaturas mágicas. Escolha algumas posições ideais para descansar modificando os nomes. Pode ser a posição da sereia, da borboleta, do leão etc. Fica mais divertido se eles fizerem os sons dos animais.

 

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Na hora de dormir

 

Vocês podem fazer exercícios de respiração, mindfulness e/ou visualização.

 

 

A respiração pode a ser que mostramos no subtítulo “respiração profunda”. Peça para eles inalarem e você conta até 4; conterem a respiração e você conta até 4; exalarem e você conta até 4.

 

Repetir isso três ou quatro vezes.

 

 

Mindfulness e visualização: eles podem prestar atenção nas sensações do corpo ou você pode contar uma história descrevendo os sons ao redor de vocês, as sensações físicas, as cores, os cheiros, a temperatura etc.

 

 

A música será sempre uma aliada em qualquer uma das técnicas que você escolher.

 

A meditação da gratidão

 

 

(Adaptação da original de Susan K. Greeland)

 

 

Esta meditação ajuda no desenvolvimento de uma alimentação consciente, além de se habituar a expressar gratidão.

 

 

Aqui vamos usar uma uva, mas você pode usar o alimento que quiser.

 

 

Antes de comer, agradecemos às pessoas, os lugares e tudo o que teve um papel importante até esse alimento chegar na nossa mesa.

 

 

Pegue uma uva e, antes de comê-la, pense nas minhocas que fertilizaram a terra e agradeça. (Gratidão, minhocas!)

 

 

Pense no agricultor que plantou a semente e agradeça. (Gratidão, agricultor!)

 

Pense no sol e na chuva que nutriram a planta e agradeça. (Gratidão, sol! Gratidão, chuva! Ou Gratidão, natureza!)

 

 

Pense nos trabalhadores que colheram cada cacho de uva e o embalaram para ser distribuído e agradeça. (Gratidão, trabalhadores!)

 

 

Pense nos caminhoneiros que transportaram as uvas até os distribuidores e agradeça. (Gratidão, caminhoneiros!)

 

 

Pense nos distribuidores que levaram as uvas até os pontos de vendas e agradeça. (Gratidão, distribuidores!)

 

 

Pense na pessoa que comprou o cacho de uva e agradeça. (Gratidão, mamãe/papai!)

 

 

(De nada!) Agora vamos comer a uva. Ao colocá-la na boca, não mastigue imediatamente. Brinque com essa esfera na boca. Morda-a e preste atenção na sensação, no sabor, na textura.

 

 

Variação: Você pode usar a meditação da gratidão para outras coisas. Particularmente a considero excelente para outros itens também, como a roupa e os brinquedos. Isso os ajudará a serem consumidores mais conscientes.

 

 

 

Bem... Agora é praticar!

 

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Bibliografia

 

 

HANSON, Rick. MENDIUS, Richard. O cérebro de Buda – neurociência prática para a felicidade. Trad. Bianca Albert. Ed. Alaúde. Rio de Janeiro, 2012.

 

FLAQUÉ, María José. Guía de Meditación Mujer Holística. Pág. 9-10.

 

BRAIDOT, Néstor. Cómo funciona tu cerebro para “dummies”. Ed. Banshee. 2013.

 

BACHRACH, Estanislao. Agilmente – aprendé cómo funciona tu cerebro para potenciar tu creatividad y vivir mejor. Ed. Sudamericana. Buenos Aires, 2012.

 

RICARD, Matthieu. LUTZ, Antoine. DAVIDSON, Richar J. En el cerebro del meditador. Revista Scientific American (Versión española). N° 460, Janeiro de 2015.

 

GREENLAND, Susan Kaiser. Juegos mindfulness – Mindfulness y meditación para niños, adolescentes y toda la familia. Trad. Inmaculada Morales Lorenzo. Ed. Gaia. Madri, 2016.

 

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Escrito por Marinalva Silva

Terapeuta Holística

Fundadora de Spiralis – Ser Integral