Foto: @wayhomestudio
Este artigo faz parte de uma série sobre a autoestima publicado neste blog. Nele, vamos falar quais são as bases necessárias no desenvolvimento de uma autoestima saudável.
Nathaniel Branden, citado nos artigos anteriores, estabelece seis pilares para a autoestima, que são: viver conscientemente, autoaceitação, assumir a responsabilidade por si mesm@, autoafirmação, viver com propósito e integridade pessoal (1:86).
Viver conscientemente
Viver conscientemente quer dizer tentar ao máximo ter consciência das nossas ações, propósitos, valores e metas, bem como, e principalmente, nos conduzirmos de acordo com esse grau de consciência, do contrário, não haverá congruência em nossa forma de agir. (1:89).
Evidentemente, ser cientes da nossa realidade, não significa que concordamos ou não com ela, senão que sabemos exatamente como ela é, informação imprescindível para realizar mudanças, se ela nos desagrada, ou usá-la a nosso favor, se gostamos dela. Então, viver conscientemente é também importante para aceitarmos o que podemos ou não mudar, partindo sempre do pressuposto de que não podemos transformar o outro.
Para Jean Monbourquette, também citado anteriormente, a autoconsciência é o resultado de um processo que se origina no critério de valorizações e desvalorizações feito sobre a pessoa e suas habilidades, que começa na infância, quando a criança se compara às outras para se autoavaliar e, aos poucos, vai desenvolvendo autonomia para se comparar a ela mesma. Assim, a autoestima se dará a partir do “conjunto de juízos emitidos sobre si mesma” (2:28).
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A autoaceitação
A autoaceitação é uma premissa para a autoestima, pois é quando paramos de entrar em confronto conosco mesm@, um processo ativo por se tratar de uma ação impulsionada por uma decisão. Tal processo é constituído por três níveis, segundo Nathaniel Branden (1:111-115):
1.° Escolher nos valorizar, nos respeitar e defender nosso direito de existir”. Eis a base para a autoestima.
2.° Experimentar plenamente o que sentimos, pensamos, fazemos e aspiramos, sem negar ou racionalizar. Simplesmente sentimos, o que não significa que seja algo agradável, mas é importante nos dar permissão para sentir e soltar.
3.° Ser compassiv@s e amig@s para conosco mesm@s, mesmo tendo feito algo censurável. Não negamos a realidade, mas questionamos por que agimos de certo modo em certa circunstância.
Assumir a responsabilidade por si mesm@
Assumir a responsabilidade por nós mesm@s significa reconhecer as consequências de nossas decisões e, só através dessa responsabilidade compreendemos a vida, considerando que existir, segundo a Logoterapia, seria a “capacidade do ser humano de responder de modo responsável às exigências que a vida nos impõe em cada situação em particular”. (3:115)
Nathaniel Branden afirma que somos responsáveis: por conquistar nossos desejos, pelas nossas escolhas e ações, pelo nível de consciência dedicado ao nosso trabalho, pelo nível de consciência empenhado nas nossas relações, por nosso comportamento com outras pessoas, pelo modo de priorizar nosso tempo, pela qualidade das nossas comunicações, pela nossa felicidade pessoal, por aceitar e escolher os valores que nos guiam e por aumentar nossa autoestima (1:125).
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Autoafirmação
“A autoafirmação significa a disposição de me valer por mim mesmo, de ser quem sou abertamente, de me tratar com respeito em todas as relações humanas.” Eis a definição resumida de Nathaniel Branden (1:139).
Jean Monbourquette alerta para não confundir autoestima com autoafirmação, já que a segunda é a expressão da primeira (2:62), ou seja, a autoestima é um estado interior e a autoafirmação é a manifestação desse estado.
Para nos autoafirmarmos, precisamos expor o que queremos, o que sentimos e o que pensamos, evidentemente respeitando os outros, mas também a nós mesm@s.
Viver com propósito
Vivemos com propósito quando usamos nossos talentos para concretizar as metas que estabelecemos, seja no âmbito profissional ou no pessoal. Saber o que queremos fazer é uma fonte de automotivação, então, quanto mais genuínos e profundos são nossos propósitos, mais força teremos para realizá-los.
Viver com propósito pressupõe as seguintes premissas (1:153):
- Sermos responsáveis por elaborar nossas metas e propósitos com consciência.
- Identificar as ações essenciais que tais metas demandam.
- Monitorar nossas ações para nos assegurarmos de que são coerentes com nossas metas.
- Estar atentos ao resultado do que fazemos para verificar se ele está nos levando onde queremos chegar.
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Integridade Pessoal
A integridade acontece quando nossos ideais, convicções, crenças, valores, regras e comportamento formam uma combinação integral, congruente.
Quando agimos em contradição com essa combinação podemos manifestar hipocrisia, tentando somente manter as aparências; ou pode ser uma fonte de sofrimento por deixarmos que tudo aquilo em que acreditamos seja atropelado seja pela razão que for.
Conclusões
Como podemos notar, os seis pilares estabelecidos por Nathaniel Branden estão interligados e eu diria que a base de todos eles é o autoconhecimento, pois, não podemos nos aceitarmos, afirmarmos nem viver com propósito e sendo fiéis a nós mesmos se nem sequer sabemos quem somos. Neste ponto, a autoconsciência é um pilar-chave e, através dele vamos nos autoconhecendo.
Chegamos ao final deste post e te convido para ler o último e os anteriores. No próximo, falaremos sobre a relação entre a autoestima, as psicopatologias e as questões socioeconômicas.
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A relação entre a autoestima, as psicopatologias e as questões socioeconômicas
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Referências
1. BRANDEN, Nathaniel. Los seis pilares de la autoestima. Trad. Jorge Vigil Rubio. Ed. Paidós. Cidade do México, 2008.
2. MONBOURQUETTE, Jean. De la autoestima a la estima del yo profundo. Trad. M. A. Mier y D. Garnier. 2 ed.: Ed. Sal Terrae. Cantabria, 2004.
3. MEZA, Juan Pablo Aguilar et al. Tópicos selectos de logoterapia. Instituto de Reingenería Actitudinal. Jalisco, 2017.
Escrito por Marinalva Silva
Terapeuta Holística
Fundadora de Spiralis – Ser Integral